terça-feira, 8 de março de 2011





Pai por várias vezes acordei quando você chegava e ia ao meu quarto. Ajustava o cobertor sobre mim, me abraçando calorosamente seguido de beijo demorado em minha testa. Enquanto me afagava, eu ouvia sua respiração ofegante, quando compreendi o quanto estava cansado, o que me fez fingir que ainda dormia. Não queria que se ocupasse de mim, pois precisava do sono reparador. Também percebi o momento em que a mamãe o advertia sobre o horário em que chegava, vez que já era muito tarde. Como resposta apenas dizia “que o serviço militar assim exigia”. Só se tinha horário de entrada e nunca de retorno.





Tão logo adormeci, ouvi o barulho de ligeira sirene, era da viatura Veraneio 347, um de seus amigos de farda, já o aguardando para o serviço daquela madrugada. Novamente veio ao meu quarto, me abençoava novamente, mas dava para perceber sua oração rogando aos anjos que protegessem a toda nossa família em sua falta e ao nosso lar. Ao fim, ajustou as algemas e confirmou se a arma estava confortavelmente em sua cintura. Mamãe o acompanhava até a porta enquanto pedia para que tivesse mais zelo com a sua própria saúde e vida.





Assim crescendo, todos os dias vendo você saindo para infindas batalhas de uma guerra que jamais se acabava. Mesmo nos feriados, aos fins de semana e até mesmo seu aniversário o serviço não lhe dava a devida trégua e o direito ao sono tranqüilo. Mesmo se preocupando com a vida alheia, mas ninguém preocupava com a sua família, parecia que sua vida não carecia de cuidados. Apenas comunicação que vinha via radio e precisa comparecer ao local do grave crime ou se faz necessária a sua presença no cumprimento das ordens.

Quando ia para a escola ou à casa de algum amigo, verificava que seus pais eram deles. Diferentes do meu. Que tinha que dividi-lo com tanta gente. Gente que sofria que pediam socorro, que clamava por justiça. E ele sempre estava lá.

Agora que está chegando o aniversario do dia de sua morte, quero dar um presente a vocês leitores, que tem os seus super heróis e para àqueles que possuem os seus já no oriente eterno, que amem os seus pais como se fosse o último dia de suas vidas. A saudade que tenho do meu é muito grande.

Quem o conheceu, trabalhou com ele no COPOM, CPMRv e APM só as lembranças ficaram, pós seu falecimento no dia 28 de fevereiro de 1993. A cada irmão policial que trabalhou com o mesmo, os meus sinceros agradecimentos.

Tenho muito orgulho de ser POLICIAL MILITAR e devo isso a ele, de ter sido para mim e para minha família um exemplo. Tenente ROSEMAR, meu superior, seu filho sargento ROSEMÁRIO e toda sua família sente muitas saudades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário